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Tags: narrativa

Novidades | Crítica editorial | Crónicas | Narrativas breves

Deixa-te de picuinhices!, por Ana Rita Sintra

Odeio quando as pessoas não deixam as coisas como elas estavam. Há uma razão para estarem naquele preciso lugar e não noutro qualquer. Há uma dinâmica, uma estética, uma facilidade de acesso… enfim, uma miríade de razões que não interessa agora enumerar por completo. Por exemplo, quando a porta está completamente encostada é porque há […]

A lagoa de barro, por Luís Ramos

No meio do mato cerrado, havia uma antiga lagoa de barro. Dentro da lagoa, uma formiga tentava regressar à margem, percorrendo uma folha de rosmaninho. A poucos metros desta, um ser humano gritava de forma intermitente, quando a cabeça vinha à tona da água. Pelo trilho que passava junto à lagoa, caminhava outro ser humano. […]

Cair do muro, por Ana Rita Sintra

Ela tem um sonho recorrente, que já nem sabe bem se será mesmo um sonho. Fica tudo emaranhado e confuso na cabeça dela, como os fios dos earphones atirados ao acaso para dentro da mala. Está num muro alto, ventoso e, de início, agradável, dada a vista deslumbrante de campos infinitamente verdejantes. Sente como se […]

Carta, por Luís Ramos

O meu amigo Talé, grande construtor de sentimentos mas fraco na ortografia, pediu-me para corrigir uma carta de amor que ele pretendia enviar a uma rapariga chamada Biró, que o prendera no encanto dela. Como retribuição pelo favor prestado, pedi-lhe uma cópia da carta, que abaixo deixo transcrita. Eu, como sou fraco no sentimento… talvez […]

Sem cinto de segurança, por Ana Rita Sintra

Tivera uma sensação estranha naquele dia, no comboio, ao voltar para casa. Sentara-se virada na direção contrária à direção em que o comboio seguia confiante, sobre as linhas de aço que se ramificavam interminavelmente. Inclinou-se para a esquerda, depois um pouco para a direita, deixando-se levar pelo movimento incessante da carruagem, igual ao da carruagem […]

Estatelada, por Ana Rita Sintra

Estas mãos não são minhas. Olho para elas, vezes sem conta. Viro-as, examino-as ao pormenor. Não são minhas. Estão macilentas e têm dedos compridos e esguios com unhas a combinar. Veem-se todas as veias e estão manchadas, como se tivessem algum tipo de doença cutânea impossível de tratar. E parece que as vejo desfocadas, como […]

Liberdade condicionada, por Luís Ramos

Inli, a criatura, nasceu no interior. O interior é delimitado por sequentes barras metálicas dispostas circularmente. O teto é branco pintado sobre betão no qual encaixam as barras. Em baixo, o chão é de betão forrado a azulejo. Aí nasceu Inli, numa coordenada que não sei precisar. Assim que nasceu, uma corrente branca fixada no […]

Eva, por Mário Nascimento

Ela era ainda uma menina. Numa terra virgem, sem vestígios anteriores, sem arqueologia. Terá havido árvores antes, mato, bichos. Mas naquela altura era uma rua alcatifada, degraus de pedra e prédios. Do rapaz, ninguém sabe nada. Mas ele talvez recorde o nevoeiro marítimo e o som dos barcos. Talvez se lembre da tribo da praceta, […]

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