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Chovia.

No casarão enorme respirava-se uma tal humidade que mandámos accender o fogão da sala.

Ouviamos escorrer a chuva dos beiraes, gotta a gotta e olhavamos com melancholia, atravez das vidraças molhadas para o arvoredo do velho jardim envolto em nevoa.

O Fabricio trouxera na vespera, de um passeio, duas monstruosas flôres de cacto, vermelhas, rigidas, soberbas, violentas e cheias de maldade. Arrancara-as ao muro de uma ruina e ficara com as mãos em sangue. O Poeta collocara-as n’um vaso japonez decorado com dragões, em cima de uma columna de onde agora presidiam, insensiveis e altivas, á nossa conversa.

 

Inocente, de Virgínia de Castro e Almeida. Em breve na Bibliotrónica Portuguesa.

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