Os Quinhentos Anos da Begum são um título pouco conhecido de um autor muito conhecido e apreciado em todo o mundo: Júlio Verne. É a tradução feita por António Manuel da Cunha, no final do século XIX, que agora se oferece aos leitores da Bibliotrónica Portuguesa.
Os editores desta reedição fizeram também um breve levantamento das circunstâncias em que Júlio Verne foi traduzido e publicado em Portugal, no final do século XIX. Curiosamente, são circunstâncias que envolvem o serviço de correios da estação central de Lisboa, onde tanto o tradutor quanto o editor trabalharam até à reforma. Aqui fica o texto dos editores sobre o assunto:
Júlio Verne foi primeiramente editado em Portugal em 1874 pela editora Empreza das Horas Românticas de David Corazzi, segundo oficial dos serviços de correio na estação central de Lisboa. As edições portuguesas repetiram os passos da editora francesa Hetzel, ou seja, foram também edições de luxo.
Les Cinq Cents Millions de la Bégum, título de Júlio Verne que aqui reeditamos, foi publicado em França em 1879 e traduzido para português nove anos depois, em 1888. O responsável pela tradução foi António Manuel da Cunha, que, segundo notícia em O Século, de 28 de novembro de 1886, desempenhava as funções de «director dos serviços de correio na estação central de Lisboa, onde David Corazzi foi 2º oficial, até à aposentação.»
Dois anos antes da tradução, em 1886, Corazzi tinha decidido lançar uma edição mais barata das obras de Verne em português. Chamou-lhe «Grande Edição Popular das Viagens Maravilhosas aos Mundos Conhecidos e Desconhecidos», reduziu a quantidade de ilustrações apenas a duas e alterou a mancha de texto de 32 para 36 linhas, além de reduzir o tamanho da letra e o espaçamento.
Após a morte de Corazzi, em 1896, a editora Horas Românticas integra a Companhia Nacional Editora. No início do século XX, a Companhia Nacional Editora dá lugar à A Editora e, nos anos 20, é criada uma associação de editores, «herdeira das Horas Românticas, da Companhia Nacional Editora e de A Editora.»
Nos anos 30 do século XX, a obra de Júlio Verne passa a ser editada pela associação da Livraria Francisco Alves (Rio de Janeiro) e a Livraria Bertrand (Lisboa). É a esta fase da publicação das obras de Júlio Verne em Portugal que pertence o livro-fonte usado na presente reedição.