Este é o primeiro livro de poesia de Luís Ramos, um jovem escritor com uma maturidade criativa verdadeiramente invulgar.
Álbum de poemas
Edição e ilustração: Ângela Correia
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Este é o primeiro livro de poesia de Luís Ramos, um jovem escritor com uma maturidade criativa verdadeiramente invulgar. Com edição e ilustração de Ângela Correia.
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Este é o primeiro livro de poesia de Luís Ramos, um jovem escritor com uma maturidade criativa verdadeiramente invulgar.
Álbum de poemas
Edição e ilustração: Ângela Correia
Cristiane de Oliveira –
Ao poeta Luís Ramos,
Peço licença para escrever aqui uma modesta e sincera opinião sobre o seu livro “Verbo Condicionado”. Se eu fosse, se eu soubesse, se eu visse, se eu escrevesse mais, se eu tivesse palavras, se eu pudesse, eu lhe traduziria o que ele me fez.
Quanta sensibilidade, quanta ternura e beleza, quanto desejo encontrei neste livro! É isso a alma inquieta do poeta… a vida, ela dói para quem vê, sente e quer entender. A esperança não tem condicional nem pretérito imperfeito. Ela está presente no futuro do presente. O que a vida quer da gente é coragem, como nos ensina Guimarães Rosa.
“Quando o momento / é aprazível eu me fundo no / tempo…”. Senti tal contentamento lendo essas 33 páginas (veja que número simbólico: 33); sim, encontrei as tais “horinhas de descuido” (outra vez, Guimarães Rosa, é que ele também fazia neologismos, como você).
Se eu pudesse pedir-lhe algo, diria que quero mais versos seus – onde posso encontrar? Ainda não experimentei comer cerelac ou mingau de aveia a contemplar, mas estas páginas me tocaram produndamente, me fizeram muito bem.
Muito obrigada.
Cristiane
Luís Ramos –
Cara senhora Cristiane de Oliveira,
As suas delicadas considerações comoveram-me imensamente.
É deveras curioso constatar o movimento reflexivo das palavras ao nível da relação entre o escritor e o leitor: se, por um lado, as palavras escolhidas pelo escritor contagiam o leitor de tal modo que elas dão uma nova luz à sua estrutura de sentido; não é menos verdade que o leitor, desse modo, já um outro, modificado pela leitura dessas palavras, em entrando em relação com o escritor, como tão bem a senhora Cristiane teve a gentileza e a amabilidade de fazer, por sua vez, contagiam o próprio escritor, inspirando-o; inspirando-me a criar, selando assim o ciclo, o qual se perpetuará infinitamente, em que a criação, sem deixar de brotar do escritor (mais especificamente, da relação entre o objeto da mensagem e a capacidade do escritor de transmitir essa mensagem por palavras), passa, contudo, a ser um projeto-comum entre escritor e leitor.
Esse objeto a que me refiro pode compará-lo ao magma armazenado numa bolsa no interior da terra. Esse magma é o âmbito de uma visão. É a coisa em si que quer emergir, que quer desvelar-se. Porém, chegado à superfície, alastra-se e solidifica. Imobiliza-se e fragmenta-se em torno da cratera.
Nesse sentido, aquilo que mais me tocou na sua análise foi o facto de ela ter conseguido partir a crosta formada, olhar para além da sua fragmentação, apontar a câmara magmática de onde ele jorrou e apresentá-la como o fundamental. Reitero: inspirador.
Respondendo à sua questão, outros versos encontram-se dispersos, pelo computador, pela margem dos cadernos e também pela beira da vida e do sonho, do viver e do estar vivo, nesse limiar em que ainda se não materializaram. Não tenho pois, neste momento, mais versos disponíveis, mas muito me apraz o seu entusiasmo. A seu tempo, quando outro apelo tão forte e tão incontornável como aquele que conduziu à redação desta obra, novamente, a tal me compelir, certamente terei todo o gosto em partilhá-los consigo.
Ignorava a existência de Guimarães Rosa, mas é um autor que vou querer conhecer, agora que me despertou o interesse para a sua obra, e que cruzou o horizonte de sentido das suas palavras com o próprio horizonte de sentido da minha vida.
Muito obrigado também por isso.
Luís Ramos