Às ordens e contra-ordens da mamã e da avó iam-se juntando informações caóticas vindas das amigas e das colegas de escola: da Milena, que usava tampões pouco se importando com a perda da virgindade; da Clara, que sabia de uma mezinha que impedia o inchaço da barriga; da Paulinha, que parava o sangue com banhos de água gelada; e assim nos íamos irmanando no orgulho do nosso destino comum de futuras parideiras.

As galinhas da capoeira eram degoladas para que pudéssemos comer canja; as melgas e as moscas levavam com o inseticida para não nos incomodarem com os zumbidos e para não nos picarem, umas, e não pousarem na comida, as outras; as lesmas eram esborrachadas por serem nojentas e esburacarem as folhas das couves e das árvores.

Reconheci-me, com desgosto, na reação da Inês: também eu fingia surpresa e ofensa, quando era apanhada numa mentira; também tentava ganhar tempo, como a Inês fez naquele dia, pondo-se a arrumar o estojo da maquilhagem; também eu respondia com arrogância, como a Inês me respondeu.