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O mestre saudou Aqueap, o discípulo. O discípulo saudou Aqueen, o mestre. O mestre ensinou o discípulo a contemplar o invisível com o pensamento. O discípulo desobedeceu. O discípulo queria apenas contemplar o visível. O mestre ensinava que o invisível é sagrado. Mas o discípulo dizia para si que o mestre estava errado e que o sagrado estava no que podia ver. O mestre só acreditava no invisível e identificava-o com o único real. O discípulo só acreditava no visível e identificava-o com o único real. No fim dos tempos, aquando da revelação da verdade aos homens, o mestre foi premiado, porque pensara e vivera acertadamente: o real estava no invisível. O espírito que anunciou a verdade desceu então sobre eles e preparou-se para enviar o discípulo para a Sombra e o mestre para o Bem. Mas quando o mestre olhou de perfil o discípulo sorrindo, o espírito que veio revelar a verdade, aquele que tudo sabe, intuindo o significado do sorriso, levou para si o discípulo e remeteu o mestre à Sombra.

Luís Ramos

(Os Invulgares)

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