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Author: Adília Lopes

Novidades | Crítica editorial | Crónicas | Narrativas breves

Crónicas da Cró, n.º 16, O um

«O que muitos sabem não é menos importante para quem o descobre pela primeira vez» escreve Agustina Bessa-Luís n’ O Concerto dos Flamengos, romance publicado em 1994. Lembro-me da alegria que foi para mim aos 14 anos descobrir o teorema de Pitágoras. Foi descoberto há muitos séculos. O que vou contar aqui hoje é porque […]

Crónicas da cró, n.º 15 – 12 anos

Eu tinha 12 anos e 56 como hoje não tenho, não posso nem quero ter. Era toda coquette. Ninguém imagina a minha vida em 1972. Escrevia para França a pedir amostras de cremes Yves Rocher, mandava cupons que vinham na Elle e recebia pelo correio bisnagas miniatura. Ia sozinha para a Baixa, comprava queijo flamengo […]

Crónicas da cró, n.º 14 – Filmes

Vi Crónica de Anna Magdalena Bach, de Jean-Marie Straub, quando tinha 14-15 anos. Foi no Instituto Alemão em Lisboa. O filme tinha legendas em inglês. Eu queria ser realizadora de cinema. Jean-Marie Straub estava presente. Fizeram-lhe perguntas. A uma pergunta respondeu que tinha pena de não ter estudado mais matemática em novo. Simplício, personagem de […]

Crónicas da cró, n.º 13 – Viagens com a minha avó

O título desta minha crónica vem do romance de Graham Greene Travels With My Aunt, livro de que gosto. Quando eu tinha 11 ou 12 anos, juntei triângulos de papel dos triângulos do queijo Tigre porque ao fim de ter tantos, já não sei quantos, triângulos davam uma caixa de queijo Tigre. Informei-me, devo ter […]

Crónicas da cró, n.º 11 – Varejeira

Às vezes entra-me uma varejeira dentro de casa e fica a zumbir e a voar em ziguezag atormentada. As varejeiras transmitem doenças e podem parecer repugnantes. Também são belas. Têm azuis e verdes metálicos. Nos Contos Impopulares de Agustina Bessa-Luís há um conto que fala de uma moto, o conto chama-se «No caminho de Emaús». […]

Crónicas da cró, n.º 10 – Teatro

Às 6h30 da manhã estou no café a ver as lindas notícias da televisão e a ler Tartaglia. Tartaglia é um matemático italiano do século XVI. Era um génio e um patife. Há muitos cientistas e artistas que são grandes génios e que são patifes. É um problema complicado. Os textos que leio de Tartaglia […]

Crónicas da cró, n.º 9 – Uma oração cor-de-rosa

Em 1998 participei num colóquio sobre literatura medieval. Foi no Algarve. Durante um almoço conversei com a investigadora em literatura de tradição oral Maria Aliete Galhoz. Ensinou-me uma oração que ouviu a uma mulher, julgo que no Algarve:   Olhei para o céu vi uma cruz capela de rosas Menino Jesus   Maria Aliete Galhoz […]

Crónicas da cró, n.º 8 – Natas

O meu pai nasceu e cresceu em Penamacor, que fica perto da Serra da Estrela e perto de uma cidade chamada Manteigas. Mas o meu pai odiava manteiga e queijo, que era incapaz de comer. Eu também odeio manteiga e sou muito esquisita com queijos. Detesto natas, detesto bolos com chantilly. Como estou gorda, as […]

Crónicas da cró, n.º 7 – Uma oração azul

Em criança dormia às vezes com a minha avó materna. A minha avó não era maldosa mas não era muito minha amiga. Mas isto não interessa agora. Ela ensinou-me uma oração para rezar antes de adormecer: Nossa Senhora faz meia com linha feita de luz o novelo é Lua cheia as meias são pra Jesus […]

Crónicas da cró, n.º 6 – O bolo sopro

Escrevo estas crónicas à máquina, «uma máquina mecânica», isto é, que não é eléctrica, uma Olivetti Studio 46 que me ofereceu um leitor. É assim que gosto de escrever. Quando escrevo directamente no portátil, também oferta de uma amiga, as crónicas e os poemas não me saem tão bem, acho eu. Lembra-me uma professora velhota […]

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