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Tags: cró

Novidades | Crítica editorial | Crónicas | Narrativas breves

Crónicas da cró, n.º 15 – 12 anos

Eu tinha 12 anos e 56 como hoje não tenho, não posso nem quero ter. Era toda coquette. Ninguém imagina a minha vida em 1972. Escrevia para França a pedir amostras de cremes Yves Rocher, mandava cupons que vinham na Elle e recebia pelo correio bisnagas miniatura. Ia sozinha para a Baixa, comprava queijo flamengo […]

Crónicas da cró, n.º 14 – Filmes

Vi Crónica de Anna Magdalena Bach, de Jean-Marie Straub, quando tinha 14-15 anos. Foi no Instituto Alemão em Lisboa. O filme tinha legendas em inglês. Eu queria ser realizadora de cinema. Jean-Marie Straub estava presente. Fizeram-lhe perguntas. A uma pergunta respondeu que tinha pena de não ter estudado mais matemática em novo. Simplício, personagem de […]

Crónicas da cró, n.º 13 – Viagens com a minha avó

O título desta minha crónica vem do romance de Graham Greene Travels With My Aunt, livro de que gosto. Quando eu tinha 11 ou 12 anos, juntei triângulos de papel dos triângulos do queijo Tigre porque ao fim de ter tantos, já não sei quantos, triângulos davam uma caixa de queijo Tigre. Informei-me, devo ter […]

Crónicas da cró, n.º 9 – Uma oração cor-de-rosa

Em 1998 participei num colóquio sobre literatura medieval. Foi no Algarve. Durante um almoço conversei com a investigadora em literatura de tradição oral Maria Aliete Galhoz. Ensinou-me uma oração que ouviu a uma mulher, julgo que no Algarve:   Olhei para o céu vi uma cruz capela de rosas Menino Jesus   Maria Aliete Galhoz […]

Crónicas da cró, n.º 8 – Natas

O meu pai nasceu e cresceu em Penamacor, que fica perto da Serra da Estrela e perto de uma cidade chamada Manteigas. Mas o meu pai odiava manteiga e queijo, que era incapaz de comer. Eu também odeio manteiga e sou muito esquisita com queijos. Detesto natas, detesto bolos com chantilly. Como estou gorda, as […]

Crónicas da cró, n.º 7 – Uma oração azul

Em criança dormia às vezes com a minha avó materna. A minha avó não era maldosa mas não era muito minha amiga. Mas isto não interessa agora. Ela ensinou-me uma oração para rezar antes de adormecer: Nossa Senhora faz meia com linha feita de luz o novelo é Lua cheia as meias são pra Jesus […]

Crónicas da cró, n.º 6 – O bolo sopro

Escrevo estas crónicas à máquina, «uma máquina mecânica», isto é, que não é eléctrica, uma Olivetti Studio 46 que me ofereceu um leitor. É assim que gosto de escrever. Quando escrevo directamente no portátil, também oferta de uma amiga, as crónicas e os poemas não me saem tão bem, acho eu. Lembra-me uma professora velhota […]

Crónicas da cró, n.º 5 – O calendário

Uma coisa que descobri, e que está descoberta há muitos anos, é que 20 de Abril, 3 de Agosto, 9 de Novembro e 30 de Novembro calham sempre no mesmo dia da semana. Não interessa se o ano é bissexto porque estes meses vêm todos depois de Fevereiro. Como é que eu descobri isto? Sempre […]

Crónicas da cró, n.º 4 – Memória

No meu livro de poemas de 2003 César a César, afirmo: «Há um livro que tem um título de que gosto muito, é The Great Chain of Being de Arthur O. Lovejoy (Cambridge, Mass., 1936). Ainda não tive oportunidade, certamente por minha culpa, de procurar este livro e de o ler. Sei da sua existência […]

Crónicas da cró, n.º 3 – 45-54

No dia em que fiz 54 anos, tive um bolo de aniversário com duas velas: uma com um 5 pintado e outra com um 4 pintado. A vela com o 5 estava à esquerda da vela com o 4, claro. Mas uma amiga na brincadeira, e talvez para me chamar velha, trocou a posição das […]

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