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Novidades | Crítica editorial | Crónicas | Narrativas breves

Notícias da Poetrónica

Terminado o prazo de receção de poemas no último dia de abril, o processo de edição da Poetrónica n.º 1 avançou para a primeira fase de seleção. Na segunda fase de seleção, julgámos importante multiplicar os pontos de vista. Por esta razão, endereçámos convites a pessoas com grande experiência de interpretação, em áreas diversas, cuidando que nada do […]

Carta, por Luís Ramos

O meu amigo Talé, grande construtor de sentimentos mas fraco na ortografia, pediu-me para corrigir uma carta de amor que ele pretendia enviar a uma rapariga chamada Biró, que o prendera no encanto dela. Como retribuição pelo favor prestado, pedi-lhe uma cópia da carta, que abaixo deixo transcrita. Eu, como sou fraco no sentimento… talvez […]

Sem cinto de segurança, por Ana Rita Sintra

Tivera uma sensação estranha naquele dia, no comboio, ao voltar para casa. Sentara-se virada na direção contrária à direção em que o comboio seguia confiante, sobre as linhas de aço que se ramificavam interminavelmente. Inclinou-se para a esquerda, depois um pouco para a direita, deixando-se levar pelo movimento incessante da carruagem, igual ao da carruagem […]

Soberba intelectual, por Luís Ramos

O mestre saudou Aqueap, o discípulo. O discípulo saudou Aqueen, o mestre. O mestre ensinou o discípulo a contemplar o invisível com o pensamento. O discípulo desobedeceu. O discípulo queria apenas contemplar o visível. O mestre ensinava que o invisível é sagrado. Mas o discípulo dizia para si que o mestre estava errado e que […]

Poetrónica

No âmbito de um workshop de edição de originais em curso, surgiu a ideia e a vontade de editar e publicar, na Bibliotrónica Portuguesa, uma Poetrónica. Ora então, diga-nos: tem um pensamento próprio a que dá forma poética? Aquilo que faz com a língua portuguesa distingue-se? Está disponível para trabalhar com um editor de originais? […]

Estatelada, por Ana Rita Sintra

Estas mãos não são minhas. Olho para elas, vezes sem conta. Viro-as, examino-as ao pormenor. Não são minhas. Estão macilentas e têm dedos compridos e esguios com unhas a combinar. Veem-se todas as veias e estão manchadas, como se tivessem algum tipo de doença cutânea impossível de tratar. E parece que as vejo desfocadas, como […]

Liberdade condicionada, por Luís Ramos

Inli, a criatura, nasceu no interior. O interior é delimitado por sequentes barras metálicas dispostas circularmente. O teto é branco pintado sobre betão no qual encaixam as barras. Em baixo, o chão é de betão forrado a azulejo. Aí nasceu Inli, numa coordenada que não sei precisar. Assim que nasceu, uma corrente branca fixada no […]

Eva, por Mário Nascimento

Ela era ainda uma menina. Numa terra virgem, sem vestígios anteriores, sem arqueologia. Terá havido árvores antes, mato, bichos. Mas naquela altura era uma rua alcatifada, degraus de pedra e prédios. Do rapaz, ninguém sabe nada. Mas ele talvez recorde o nevoeiro marítimo e o som dos barcos. Talvez se lembre da tribo da praceta, […]

Guinada de saudades, por Ana Rita Sintra

Na altura não liguei muito. O que diria o meu pai se eu lhe dissesse que andava a imaginar coisas no trabalho? Ele até é muito querido comigo, exceto quando parece que estou a dar desculpas para não fazer a ponta de um corno. Aí, sim, é um ver se te avias. Por isso, tentei […]

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