Saber e não querer saber, por Ana Rita Sintra
Era aquele tipo de saber como quem não quer a coisa. E, a sério, eu não queria.
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Era aquele tipo de saber como quem não quer a coisa. E, a sério, eu não queria.
Viviam na mesma casa, mas parecia que mal se viam ou falavam. Devia ser normal para os irmãos, que passavam a vida agarrados ao ecrã do computador, qual máquina de suporte de vida, mas ela era diferente… ou não?
Os Invulgares são agora quatro. Encontrámo-nos para celebrar o acontecimento.
Tenho o meu portátil ligado à TV para ver as séries infinitas que não paro de acumular. Os canais tornaram-se todos uma constante repetição que já me cansa até dizer chega. Ao menos assim vejo o que quero e não o que os outros querem que eu veja, quer goste de ver quer não. Sinto-me […]
Odeio quando as pessoas não deixam as coisas como elas estavam. Há uma razão para estarem naquele preciso lugar e não noutro qualquer. Há uma dinâmica, uma estética, uma facilidade de acesso… enfim, uma miríade de razões que não interessa agora enumerar por completo. Por exemplo, quando a porta está completamente encostada é porque há […]
Ela tem um sonho recorrente, que já nem sabe bem se será mesmo um sonho. Fica tudo emaranhado e confuso na cabeça dela, como os fios dos earphones atirados ao acaso para dentro da mala. Está num muro alto, ventoso e, de início, agradável, dada a vista deslumbrante de campos infinitamente verdejantes. Sente como se […]
Tivera uma sensação estranha naquele dia, no comboio, ao voltar para casa. Sentara-se virada na direção contrária à direção em que o comboio seguia confiante, sobre as linhas de aço que se ramificavam interminavelmente. Inclinou-se para a esquerda, depois um pouco para a direita, deixando-se levar pelo movimento incessante da carruagem, igual ao da carruagem […]
Estas mãos não são minhas. Olho para elas, vezes sem conta. Viro-as, examino-as ao pormenor. Não são minhas. Estão macilentas e têm dedos compridos e esguios com unhas a combinar. Veem-se todas as veias e estão manchadas, como se tivessem algum tipo de doença cutânea impossível de tratar. E parece que as vejo desfocadas, como […]
Na altura não liguei muito. O que diria o meu pai se eu lhe dissesse que andava a imaginar coisas no trabalho? Ele até é muito querido comigo, exceto quando parece que estou a dar desculpas para não fazer a ponta de um corno. Aí, sim, é um ver se te avias. Por isso, tentei […]